Nesta
última terça-feira (16/10/2012), às 19h no Auditório do Central de Aulas (bloco
B)/UFPB, foi realizado um debate acerca da situação dos presídios da Paraíba
com a Comissão Estadual de Direitos Humanos (CEDH). O debate contou com a
presença de pessoas ilustres e de importante papel na consolidação e efetivação
dos Direitos Humanos em nosso Estado, como o padre Francisco Bosco (presidente
do CEDH-PB), a professora Maria de Nazaré T. Zenaide (Coordenadora do Núcleo de
Cidadania e Direitos Humanos da UFPB), Lidia Nóbrega (Defensora Pública da
União), professor Nelson Gomes Júnior (Coordenador do Centro de Referência em
Direitos Humanos da UFPB e Coordenador do LAPSUS), entre outros.
O
debate trouxe à tona uma reflexão acerca do fato ocorrido no dia 28 de Agosto no Presídio de Segurança Máxima, Romeu Abrantes, o PB 01,
onde em uma visita de fiscalização realizada por agentes da Comissão Estadual
de Direitos Humanos da Paraíba, decorrentes de denúncias de maus-tratos,
tortura e tratamento desumano e degradante aos apenados pela Administração do
próprio Estabelecimento Penitenciário. Durante a visita os Conselheiros foram
submetidos a uma situação de constrangimento, nunca antes vivenciada em nosso
país, ao serem detidos no presídio e acusados de passarem uma câmera
fotográfica a um dos presos, criminalizando a visita.
O diretor do complexo prisional, o major
Sérgio Fonseca, explicou que a detenção dos integrantes da comissão só ocorreu
para cumprir a legislação que proíbe a entrada de celulares nas unidades
prisionais, incluindo também câmeras fotográficas. Após a confusão, os
conselheiros divulgaram um relatório onde apontaram várias irregularidades no
complexo prisional, tais como: celas superlotadas, péssimas condições de
higiene, além de maus tratos relatados pelos detentos. O que remete às seguintes
questões: Porque a Comissão não poderia entrar no presídio? Porque a entrada de
câmeras não foi permitida?
Vale salientar que desde a notificação da
visita dos Conselheiros ao presídio, já houve impedimento, sendo necessária uma
autorização da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP), pois
a alegação era de que a visita poderia causar uma rebelião no presídio. Isso
nos faz refletir que, na verdade, se queria era maquiar a real situação do
presídio, pois se com a presença de diversos representantes de instituições
legais, eles tiveram coragem de fazer o que fizeram, imagina na ausência o que
se faz com os presidiários.
A situação em que os presidiários se
encontravam era de miserabilidade, uma falta de respeito à dignidade humana,
eram presidiários sem roupa vivendo em um ambiente altamente sujo, com odor
insuportável, sem banheiros, superlotação com quase 300 homens presos, uma
situação degradante.
Reflitamos a cerca desse episódio, da
situação do sistema penitenciário, que Política de Segurança Pública é esta que
temos em nosso Estado? Faço minha as palavras do professor Nelson Gomes ao
afirmar que, “o quadro da segurança pública no Estado, beira a barbárie”, não
no sentido econômico, pois há investimentos, mas no sentido de falência de
propostas, de ideias, de políticas públicas adequadas. O número de preso no
país tem aumentado, passamos de aproximadamente 170 a 500 mil presos, aí
pergunto, de que adianta criar inúmeras penitenciárias se não há assistência,
reeducação, resocialização? Será que as prisões foram criadas para esse fim ou
apenas para privar, encarcerar, isolar do vínculo social e familiar aqueles que
são tidos como uma ameaça ou subversão que devem ser contidos?
Assim, não podemos ficar calados e de braços
cruzados diante de situações como essa, de desrespeito, de subjugar à
humilhação, e de violação dos direitos humanos, que são inerentes a qualquer cidadão
independente da situação em que se encontra, como um “criminoso”. Não podemos
esquecer nosso papel político e social, enquanto cidadãos conscientes,
partícipes da sociedade, que não vêem os Direitos Humanos como defensor de
“bandidos”, mas como defensor da dignidade humana e da vida.
Priscylla do Nascimento
Silva
Graduanda de
Pedagogia/UFPB
Voluntária do Projeto
Educação em Direitos Humanos: construindo um sujeito de direitos nas salas de
EJA, PROLICEN/UFPB.
Membro do Núcleo de
Cidadania e Direitos Humanos da UFPB
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