Os Colóquios Interamericanos de Educação em Direitos Humanos são uma
iniciativa da Universidade Nacional de Quilmes e Argentina. Desde 2006, foram
realizados quatro colóquios, três deles na Argentina e um no Chille (2012).
Dessa iniciativa, em 2011 se criou uma rede latinoamericana, com o apoio do
Ministério da Educação da Argentina. A Rede Interamericana de Educação em
Direitos Humanos (RIEDH) reúne atualmente pesquisadores de diferentes países
com o propósito de intercambiar experiências e aprofundar questões conceituais
e praticas referentes à Educação em Direitos Humanos.
A escolha do Brasil/Goiânia, para sediar essa quinta edição, foi uma
decisão tomada no processo preparatório do IV Colóquio, e teve como ponto
central problematizar e avaliar os recentes avanços institucionais no campo da
EDH aqui no país.
Como já é de
conhecimentos de todos, nosso grupo de estudo em DH, desenvolve um trabalho pela afirmação dos Direitos Humanos Educacionais dos Jovens e Adultos, em escolas da rede municipal de João Pessoa. Assim, não poderíamos ficar de fora
desse evento e viajamos (a Dra. Maria Elizete Guimarães Carvalho - Professora da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Maria das Graças da Cruz Barbosa - Mestranda em Educação pelo Programa
de Pós-Graduação em Educação/PPGE da Universidade Federal da Paraíba-UFPB; e
em Direitos Humanos pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e
Políticas Públicas/PPGDH/UFPB e Flávia Tavares Gomes - Graduanda do Curso de Pedagogia da UFPB) para Goiânia para
participar do acontecimento.
Também participaram do Colóquio os Professores do NCDH da UFPB: Giuseppe Tosi, Lucia Guerra, Adelaide Dias, Nazaré Zenaide e mestrandos do PPGDH.
Também participaram do Colóquio os Professores do NCDH da UFPB: Giuseppe Tosi, Lucia Guerra, Adelaide Dias, Nazaré Zenaide e mestrandos do PPGDH.
No primeiro dia de atividade do Colóquio (11/09/13-quarta-feira), ocorreu
o credenciamento dos participantes no evento e a abertura oficial do mesmo,
contando com a participação de grandes nomes no que se referem à afirmação do
DH no Brasil, tais quais como a Dra. Maria do rosário Nunes - Ministra chefe da Secretaria dos DH, a Dra. Maria
Nazaré Zenaide – coordenadora do Comitê Nacional de EDH/SDH, o Dr. Henrique
Tibúrcio – OAB/GO, etc.
Das 19h às 21h houve a conferência de abertura com a mesa
redonda - America Latina fronteiras e
horizontes comuns em EDH, ministrada pela Profa. Luisa Ripa Alsina e a Profa. Mônica Fernández – UNQ- Argentina. Logo após a palestra foi servido um coffee
break ao som de uma boa música como forma de oferecer às boas vindas aos
inscritos no Colóquio.
As atividades iniciavam-se as 8h da manhã com mesas redondas,
exposições de pôsteres, Gts e se dava ao longo do dia entrando na noite.
No segundo dia (12/09/2013- quinta-feira) optamos em participar da mesa
redonda que teve como título: Formação
de professores em EDH, com a professora Vera Candau (PUC/RJ-Brasil) e a Profa. Mariana Blengio Valdis (UdelaR/Cátedra de DH –UNESCO, Uruguay) sob a
coordenação do Prof. Flávio Alves Barbosa (URG- Brasil).
ü A violação ao direito de ter uma Educação em
Direitos Humanos ocorre na infância e ninguém percebe;
ü
Ao trabalhar com DH precisamos compreender que
os princípios da dignidade e diversidade tem que ser respeitados em sua
totalidade;
ü
Os DH não devem ser vistos como um acessório que
se coloca e que se tira ao desejar, mas tem que ser visto e percebido como algo
que está interiorizado em nós.
A Drª Vera Candau (PUC/RJ) começou sua fala questionando se os
professores de hoje são multiplicadores de DH e que condições teríamos para
desenvolver a condição de interiorizar os DH em nós.
ü
Os DH vivem na oscilação entre afirmação e
violação;
ü
Os DH são um eixo fundamental na sociedade
contemporânea;
ü
Após a Constituição de 1988 o Estado pensou em
ações afirmativas para garantir os DH de modo sistemáticos;
ü
O que precisamos é de formação continuada para
nossos professores, pois são eles que ajudaram na afirmação dos DH;
ü
A escola é o lugar perfeito para formar agentes
multiplicadores do DH;
ü
Como deve ser a formação continuada desses
professores?
ü
Os DH tem que ser um eixo orientador do Projeto
Político Pedagógico-PPP;
ü
Trazer para o existencial a teoria dos DH;
ü
As estratégias metodológicas ao trabalhar com DH
tem que ser coerente com uma visão contextualizada;
ü
A EDH transforma mentalidades e comportamentos
para atuarem na tão idealizada sociedade;
Por fim Vera
Candau encerrou sua fala de forma brilhante dizendo que:
Falar
sobre Direitos Humanos e educar em Direitos Humanos são coisas diferentes!
No mesmo dia, 12/09 assistimos a segunda mesa redonda que se iniciou às
10h45 e foi até às 12h45. Trazendo como título: Fundamentos-Teóricos- Metodológicos da EDH, coordenada pelo Prof. Pedro Wilson Guimarães – AMMA.
Resumo:
- O diálogo como ferramenta da EDH;
- Paulo Freire como referência da EDH;
- Não apenas ser, mas ser mais;
- Mudança cultural;
- Educar em DH é sensibilizar!
- EDH tem que ter uma metodologia ativa e crítica;
- Ética do discurso
Obs:
Segundo Habermas para entrar no dialogo é preciso ser: Verdadeiro, provocador e
desafiador;
Durante a tarde a mestranda em Direitos Humanos e Educação pela UFPB
Graça Cruz e a Profa. Dra.. Maria Elizete Guimarães Carvalho apresentaram no GT 3
– EDH: Direito à Memória,à verdade e â Justiça na América Latina o trabalho
intitulado Educação em Direitos Humanos
e Memória da Educação: O Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL
(Relembrar para não mais esquecer).
O trabalho em
questão é resultante dos estudos realizados pela Graça no Mestrado em Direitos
Humanos da UFPB, que objetivam recuperar a memória histórica do MOBRAL, tomando
a Educação em Direitos Humanos como prática pedagógica fomentadora do direito à
preservação/reconstrução dessa memória. Para tanto, reporta-se aos estudos de
Barbosa (2007); Freire (2000, 2002, 2004, 2011); Ferreira (2007); Germano
(1994); Jannuzzi (1979); Saviani (2008), entre outros.
Tal trabalho
tem por propósito reconstituir as memórias dessa experiência educacional (MOBRAL),
discutindo sua concepção de alfabetização e educação, contribuindo para
preservação da memória de fatos educacionais que sofreram amnésia coletiva,
considerando o direito à memória e o direito à verdade sobre esses
acontecimentos. Rememorar o MOBRAL implica reconstruir a lembrança de um
momento histórico marcado por violações aos direitos humanos, refletido na
política e na prática de alfabetização de adultos, um modelo funcional vazio de
saberes e de sentidos.
No terceiro e ultimo dia do
Colóquio (13/09/2013-sexta-feira), assistimos pela manhã a mesa redonda: EDH: Direito à Memória, à verdade e â Justiça na América
Latina coordenada pela profa. Heloisa Esser (CIDARQ/UFG- Brasil) e
ministrada pelo prof. Solón Viola (INISINOS-Brasil) e Dr. Agustín Di Toffino
(Consejo Federal de DDHH-Argentina).
Resumo:
ü
O
Brasil é um país do não me lembro;
ü
A
política de esquecimento que temos é voltada/motivada pela educação que vivemos
atualmente;
ü
O
privilegio de um, gera violação dos DH no outro;
ü
A
escravidão é apenas uma das violações sofridas por seres humanos que é
abertamente apresentada e contada;
ü
É
preciso superar a dor, mas jamais esquecer.
À tarde a graduanda em
Pedagogia pela UFPB Flávia Tavares Gomes e a Dra. Maria Elizete Guimarães
Carvalho, apresentaram no GT 22: EDH: movimentos sociais, Educação popular e
Extensão universitária o trabalho: Relatos
de experiências de uma educação em Direitos Humanos nas salas
Educação em direitos humanos: construindo o sujeito de direitos nas
salas de EJA, vinculado ao Programa de licenciaturas PROLICEN/UFPB. Tal
projeto tem como base a metodologia freiriana, onde usa o dialogo como
ferramenta primordial para uma educação ativa, reflexiva e emacipatória.
O objetivo do trabalho
apresentado foi disseminar o projeto de extensão:
Durante a apresentação foi relatado que nas
escolas campo onde o projeto foi desenvolvido ocorreram os círculos de diálogos
inspirados nos círculos de cultura usado por Paulo Freire. Nesses círculos
ocorreu a troca de conhecimento, pois tanto a equipe extensionista levou
conhecimentos e informações como também escutou experiências de violações aos
DH sofridas ou vistas por esse público.
Tal projeto vem sendo
desenvolvido desde o ano de 2007 e utiliza-se da Educação em Direitos Humanos
como ferramenta pedagógica necessária para despertar nos educando jovens e
adultos a motivação pela conquista e defesa da cidadania ativa.
Foram expostos pela graduanda Flávia
alguns dos resultados alcançados com o projeto, a exemplos:
- Possibilitou aos alunos da EJA e graduandos de Pedagogia, um aprofundamento da noção e do debate acerca dos direitos humanos;
- Diálogo sobre a efetivação de direitos;
- Diálogo sobre o Cumprimento de deveres;
- Troca de experiências e de aprendizado;
- Construção de um sujeito ativo e consciente.
Por fim, concluo que o V
COLÓQUIO INTERAMERICADO DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: Fronteiras e
Horizontes Comuns em EDH - IV PENSAR DIREITOS HUMANOS, realizado de 11 a 13 de
setembro em Goiânia/Goiás foi muito enriquecedor para aqueles que no seu
discurso e fazer diário luta pela afirmação dos DH, usando a EDH como subsídio
para alcançar futuramente uma sociedade igualitária e justa.
A participação no evento fez-me refletir que em um passado não muito distante, o governo da Ditadura Militar no Brasil, prendeu, torturou, assassinou e desapareceu com jovens
estudantes, professores, operários, camponeses, indígenas, religiosos,
jornalistas e outros que ousaram sonhar com um país livre, porém hoje a polícia
do nosso Estado continua sequestrando, desaparecendo, prendendo e torturando
cidadãos brasileiros.
O desrespeito à Constituição Brasileira e aos Direitos Humanos do passado
e do presente só será banido do nosso país com a busca da verdade para a
reconstrução da história e a promoção da justiça. Para tanto resgatar a memória
esquecida do passado e participar/atuar em projetos de extensão que tenham os
DH como base é grandiosamente importante e imprescindível para a disseminação
de uma prática que luta por uma sociedade melhor.
Flávia Tavares Gomes
Graduanda de Pedagogia/UFPB
Bolsista do Projeto Educação em Direitos Humanos: construindo um sujeito de direitos nas salas de EJA, PROLICEN/UFPB/2013.
Membro do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB
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