terça-feira, 1 de outubro de 2013

V COLÓQUIO INTERAMERICADO DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: Fronteiras e Horizontes Comuns em EDH - IV PENSAR DIREITOS HUMANOS – 11 a 13 de setembro/ Goiânia- Goiás


Os Colóquios Interamericanos de Educação em Direitos Humanos são uma iniciativa da Universidade Nacional de Quilmes e Argentina. Desde 2006, foram realizados quatro colóquios, três deles na Argentina e um no Chille (2012). Dessa iniciativa, em 2011 se criou uma rede latinoamericana, com o apoio do Ministério da Educação da Argentina. A Rede Interamericana de Educação em Direitos Humanos (RIEDH) reúne atualmente pesquisadores de diferentes países com o propósito de intercambiar experiências e aprofundar questões conceituais e praticas referentes à Educação em Direitos Humanos.
A escolha do Brasil/Goiânia, para sediar essa quinta edição, foi uma decisão tomada no processo preparatório do IV Colóquio, e teve como ponto central problematizar e avaliar os recentes avanços institucionais no campo da EDH aqui no país.
Como já é de conhecimentos de todos, nosso grupo de estudo em DH, desenvolve um trabalho pela afirmação dos Direitos Humanos Educacionais dos Jovens e Adultos, em escolas da rede municipal de João Pessoa. Assim, não poderíamos ficar de fora desse evento e viajamos (a Dra. Maria Elizete Guimarães Carvalho - Professora da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Maria das Graças da Cruz Barbosa - Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE da Universidade Federal da Paraíba-UFPB; e em Direitos Humanos pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas/PPGDH/UFPB e Flávia Tavares Gomes - Graduanda do Curso de Pedagogia da UFPB) para Goiânia para participar do acontecimento.
Também participaram do Colóquio os Professores do NCDH da UFPB: Giuseppe Tosi, Lucia Guerra, Adelaide Dias, Nazaré Zenaide e mestrandos do PPGDH.
No primeiro dia de atividade do Colóquio (11/09/13-quarta-feira), ocorreu o credenciamento dos participantes no evento e a abertura oficial do mesmo, contando com a participação de grandes nomes no que se referem à afirmação do DH no Brasil, tais quais  como a Dra. Maria do rosário Nunes - Ministra chefe da Secretaria dos DH, a Dra. Maria Nazaré Zenaide – coordenadora do Comitê Nacional de EDH/SDH, o Dr. Henrique Tibúrcio – OAB/GO, etc.
Das 19h às 21h houve a conferência de abertura com a mesa redonda - America Latina fronteiras e horizontes comuns em EDH, ministrada pela Profa. Luisa Ripa Alsina e a Profa. Mônica Fernández – UNQ- Argentina. Logo após a palestra foi servido um coffee break ao som de uma boa música como forma de oferecer às boas vindas aos inscritos no Colóquio.
As atividades iniciavam-se as 8h da manhã com mesas redondas, exposições de pôsteres, Gts e se dava ao longo do dia entrando na noite.
No segundo dia (12/09/2013- quinta-feira) optamos em participar da mesa redonda que teve como título: Formação de professores em EDH, com a professora Vera Candau (PUC/RJ-Brasil) e a Profa. Mariana Blengio Valdis (UdelaR/Cátedra de DH –UNESCO, Uruguay) sob a coordenação do Prof. Flávio Alves Barbosa (URG- Brasil).
De modo sintetizado logo abaixo estão os pontos do que foi debatido nessa mesa redonda:
ü   A violação ao direito de ter uma Educação em Direitos Humanos ocorre na infância e ninguém percebe;
ü  Ao trabalhar com DH precisamos compreender que os princípios da dignidade e diversidade tem que ser respeitados em sua totalidade;
ü  Os DH não devem ser vistos como um acessório que se coloca e que se tira ao desejar, mas tem que ser visto e percebido como algo que está interiorizado em nós.
A Drª Vera Candau (PUC/RJ) começou sua fala questionando se os professores de hoje são multiplicadores de DH e que condições teríamos para desenvolver a condição de interiorizar os DH em nós.
ü  Os DH vivem na oscilação entre afirmação e violação;
ü  Os DH são um eixo fundamental na sociedade contemporânea;
ü  Após a Constituição de 1988 o Estado pensou em ações afirmativas para garantir os DH de modo sistemáticos;
ü  O que precisamos é de formação continuada para nossos professores, pois são eles que ajudaram na afirmação dos DH;
ü  A escola é o lugar perfeito para formar agentes multiplicadores do DH;
ü Como deve ser a formação continuada desses professores?
ü Os DH tem que ser um eixo orientador do Projeto Político Pedagógico-PPP;
ü Trazer para o existencial a teoria dos DH;
ü As estratégias metodológicas ao trabalhar com DH tem que ser coerente com uma visão contextualizada;
ü A EDH transforma mentalidades e comportamentos para atuarem na tão idealizada sociedade;
Por fim Vera Candau encerrou sua fala de forma brilhante dizendo que:
Falar sobre Direitos Humanos e educar em Direitos Humanos são coisas diferentes!
No mesmo dia, 12/09 assistimos a segunda mesa redonda que se iniciou às 10h45 e foi até às 12h45. Trazendo como título: Fundamentos-Teóricos- Metodológicos da EDH, coordenada pelo Prof. Pedro Wilson Guimarães – AMMA.
Resumo:
  •  O diálogo como ferramenta da EDH;
  •      Paulo Freire como referência da EDH;
  •      Não apenas ser, mas ser mais;
  •       Mudança cultural;
  •  Educar em DH é sensibilizar!
  •          EDH tem que ter uma metodologia ativa e crítica;
  •    Ética do discurso

Obs: Segundo Habermas para entrar no dialogo é preciso ser: Verdadeiro, provocador e desafiador;
Durante a tarde a mestranda em Direitos Humanos e Educação pela UFPB Graça Cruz e a Profa. Dra.. Maria Elizete Guimarães Carvalho apresentaram no GT 3 – EDH: Direito à Memória,à verdade e â Justiça na América Latina o trabalho intitulado Educação em Direitos Humanos e Memória da Educação: O Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL (Relembrar para não mais esquecer).
O trabalho em questão é resultante dos estudos realizados pela Graça no Mestrado em Direitos Humanos da UFPB, que objetivam recuperar a memória histórica do MOBRAL, tomando a Educação em Direitos Humanos como prática pedagógica fomentadora do direito à preservação/reconstrução dessa memória. Para tanto, reporta-se aos estudos de Barbosa (2007); Freire (2000, 2002, 2004, 2011); Ferreira (2007); Germano (1994); Jannuzzi (1979); Saviani (2008), entre outros.  
Tal trabalho tem por propósito reconstituir as memórias dessa experiência educacional (MOBRAL), discutindo sua concepção de alfabetização e educação, contribuindo para preservação da memória de fatos educacionais que sofreram amnésia coletiva, considerando o direito à memória e o direito à verdade sobre esses acontecimentos. Rememorar o MOBRAL implica reconstruir a lembrança de um momento histórico marcado por violações aos direitos humanos, refletido na política e na prática de alfabetização de adultos, um modelo funcional vazio de saberes e de sentidos.
No terceiro e ultimo dia do Colóquio (13/09/2013-sexta-feira), assistimos pela manhã a mesa redonda: EDH: Direito à Memória, à verdade e â Justiça na América Latina coordenada pela profa. Heloisa Esser (CIDARQ/UFG- Brasil) e ministrada pelo prof. Solón Viola (INISINOS-Brasil) e Dr. Agustín Di Toffino (Consejo Federal de DDHH-Argentina).
Resumo:
   ü  O Brasil é um país do não me lembro;
   ü  A política de esquecimento que temos é voltada/motivada pela educação que vivemos atualmente;
ü  O privilegio de um, gera violação dos DH no outro;
ü  A escravidão é apenas uma das violações sofridas por seres humanos que é abertamente apresentada e contada;
ü  É preciso superar a dor, mas jamais esquecer.
À tarde a graduanda em Pedagogia pela UFPB Flávia Tavares Gomes e a Dra. Maria Elizete Guimarães Carvalho, apresentaram no GT 22: EDH: movimentos sociais, Educação popular e Extensão universitária o trabalho: Relatos de experiências de uma educação em Direitos Humanos nas salas
de EJA.
          Educação em direitos humanos: construindo o sujeito de direitos nas salas de EJA, vinculado ao Programa de licenciaturas PROLICEN/UFPB. Tal projeto tem como base a metodologia freiriana, onde usa o dialogo como ferramenta primordial para uma educação ativa, reflexiva e emacipatória.
  O objetivo do trabalho apresentado foi disseminar o projeto de extensão:
 Durante a apresentação foi relatado que nas escolas campo onde o projeto foi desenvolvido ocorreram os círculos de diálogos inspirados nos círculos de cultura usado por Paulo Freire. Nesses círculos ocorreu a troca de conhecimento, pois tanto a equipe extensionista levou conhecimentos e informações como também escutou experiências de violações aos DH sofridas ou vistas por esse público. 
Tal projeto vem sendo desenvolvido desde o ano de 2007 e utiliza-se da Educação em Direitos Humanos como ferramenta pedagógica necessária para despertar nos educando jovens e adultos a motivação pela conquista e defesa da cidadania ativa.
Foram expostos pela graduanda Flávia alguns dos resultados alcançados com o projeto, a exemplos:
  •  Possibilitou aos alunos da EJA e graduandos de Pedagogia, um aprofundamento da noção e do debate acerca dos direitos humanos;
  •         Diálogo sobre a efetivação de direitos;
  •       Diálogo sobre o Cumprimento de deveres;
  •         Troca de experiências e de aprendizado;
  •         Construção de um sujeito ativo e consciente.

Por fim, concluo que o V COLÓQUIO INTERAMERICADO DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: Fronteiras e Horizontes Comuns em EDH - IV PENSAR DIREITOS HUMANOS, realizado de 11 a 13 de setembro em Goiânia/Goiás foi muito enriquecedor para aqueles que no seu discurso e fazer diário luta pela afirmação dos DH, usando a EDH como subsídio para alcançar futuramente uma sociedade igualitária e justa.
A participação no evento fez-me refletir que em um passado não muito distante, o governo da Ditadura Militar no Brasil, prendeu, torturou, assassinou e desapareceu com jovens estudantes, professores, operários, camponeses, indígenas, religiosos, jornalistas e outros que ousaram sonhar com um país livre, porém hoje a polícia do nosso Estado continua sequestrando, desaparecendo, prendendo e torturando cidadãos brasileiros.

O desrespeito à Constituição Brasileira e aos Direitos Humanos do passado e do presente só será banido do nosso país com a busca da verdade para a reconstrução da história e a promoção da justiça. Para tanto resgatar a memória esquecida do passado e participar/atuar em projetos de extensão que tenham os DH como base é grandiosamente importante e imprescindível para a disseminação de uma prática que luta por uma sociedade melhor.
                                     

Flávia Tavares Gomes
Graduanda de Pedagogia/UFPB
Bolsista do Projeto Educação em Direitos Humanos: construindo um sujeito de direitos nas salas de EJA, PROLICEN/UFPB/2013.
Membro do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB

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