quarta-feira, 19 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

II Círculo de diálogo - Direito à saúde


O projeto Educação em Direitos Humanos: construindo o sujeito de direitos nas salas de EJA tem como objetivo promover métodos educativos orientados pela Educação em e para os Direitos Humanos (EDH, com intervenção nas salas de EJA, ciclo I e II.
Assim, no dia 27 de novembro do corrente ano às 19:40, realizamos o II Círculo de diálogo na Escola Municipal de Ensino Fundamental Senador Ruy Carneiro, situada no bairro de Mandacaru, João Pessoa/PB, que teve como tema, Direito à saúde.
Ao chegarmos à escola, fomos diretamente às salas de aula, pois os professores já nos aguardavam para a realização do Círculo. Reunimos os dois Ciclos, I e II, na biblioteca como de costume, afinal o número de alunos é bem grande, tivemos um total de 35 alunos. O objetivo deste II Círculo foi de dialogar sobre o Direito à saúde, tema bastante propício e que faz parte da realidade deles.
A princípio fizemos um quebra-gelo, justamente para motivá-los, tendo em vista que os alunos da EJA já vêm de uma rotina diária de trabalho, logo buscamos romper com esse cansaço realizando essa atividade de motivação e sensibilização para o tema em questão, e ao som de uma música suave pedimos aos alunos para que circulassem livremente pela sala trazendo à memória momentos em que sentiram que seus direitos foram violados, em que precisaram de um atendimento médico e não foram atendidos, em que precisaram de um medicamento e não conseguiram, e como se sentiram diante destas situações de violação.
Durante a realização do Círculo percebemos que os alunos da EJA pouco conheciam sobre seus direitos em relação à saúde, conheciam apenas alguns dos direitos garantidos, no entanto conhecem muito sobre os descasos sofridos em hospitais públicos e PSF’s, há, na verdade, sentimentos de indignação, eles estão desacreditados da Saúde Pública e sem esperança de como garantir a efetivação desses direitos.

Um dia eu fui no posto pegar um remédio e a mulher do posto disse que não tinha e falou toda grossa comigo, só que um pouco depois veio uma moça pra pegar o mesmo remédio que eu e a mulher do posto deu a ela. Eu fiquei com raiva, por que tinha remédio pra ela e não tinha pra mim? Deve ter sido porque eu sou feia e a mulher era bonita, uma loira. Foi ruindade da mulher. (Aluna X da EJA)

Diante da indignação da aluna em sua fala, mostramos que é direito dela ser atendida com respeito, dignidade, atenção, qualidade e sem discriminação alguma, como nos é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu artigo 1°, “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e ainda mais, esse direito também é garantido de acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), “Ser atendido, com atenção e respeito, de forma personalizada e com continuidade, em local e ambiente digno, limpo, seguro e adequado para o atendimento”. (IDEC, 2003, p. 23).
Diante desta realidade foi bem propício abordar a questão do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo em vista que o plano de saúde público está mais ligado a realidade destes alunos. Assim, falamos um pouco sobre o SUS, sua criação e níveis de atuação (União, Estados e Municípios) e entregamos a cada aluno um panfleto com informações sobre seus direitos, bem como informações sobre onde e como devem fazer valer esses direitos.
Destarte, buscamos levar a eles o maior número de informações possíveis sobre o tema em questão, informações como, onde recorrer, como fazer valer seus direitos, endereços e telefones de Ouvidoria e Secretaria de Saúde e também modelos de cartas de solicitações de medicamentos e atendimento médico, e reivindicações que podem ser encaminhadas a Secretária de Saúde.


Priscylla do Nascimento Silva
Graduanda de Pedagogia/UFPB
Voluntária do Projeto Educação em Direitos Humanos: construindo um sujeito de direitos nas salas de EJA, PROLICEN/UFPB.
Membro do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB